segunda-feira, 22 de junho de 2009

163 + 164 + 165

Cecília Meireles era escorpiana. E tinha fases, como a lua. O que esperar então de um canceriano? Eu também tenho fases. Fases de inchar e absorver tudo o que está ao meu redor. E fases de soltar, de pôr para fora tudo e mais um pouco, de regurgitar o absorvido, e de transformar. Porém estou cercado de excelências e não passo de uma voz medíocre. Escrevo e sou lido por poucos. E isso não me incomoda. Se eu quisesse a fama teria me tornado escritor, como muitos horóscopos, testes de revista e amigos já disseram. Se eu quisesse ser mesmo famoso faria uma história linda, de chorar e rir. E bateria de porta em porta de editora, até conseguir fazer um pequeno livro.

Se eu quero? Talvez. Mas ainda não reconheci o exato equilíbrio entre a competência e a displicência. Nem assimilei da vida o dom de encantar corretamente. De tornar a escrita em música e fazer dela como um concerto. A intensidade aumenta e recua nos tempos exatos, e conta uma história. Escrita é melodia. Escrita tem de ser contada com a voz da pessoa que lê. O texto lido não é mais meu, é seu, um dos meus 10 ou 12 visitantes fixos. E vai ser lido com a sua voz. Sempre que leio os personagens, todos, têm a minha voz. Desdobram-se em facetas da minha personalidade e refletem, cá e lá, traços de minha personalidade.

Ando consumindo escritos que me transtornam, em todos os sentidos. Ando percebendo novos reflexos e novamente me encolhendo para um momento, um segundo, antes de uma derradeira explosão. Antes de pular de vez no furacão dos sentidos da vida e liberar muito do que está represado. Meu corpo está cheio de rachaduras, e a barreira dos sentimentos logo dará vazão em uma tremenda e irrefreável enchente. Cancerianos são fluidos. Cancerianos são água e se moldam e preenchem espaços. E esse canceriano está prestes a se libertar.

Boa noite, benvindos ao meu inferno astral. Este continua sendo um blog de regime. Hoje, especialmente transtornado por ter lido, e entendido, que as pessoas passaram a escrever mal. Muito - e principalmente - porque pararam de ler. E de compreender. Hoje as pessoas apenas vêem. Só que estamos, todos, ou quase, cegos.

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