Na madrugada de sexta para sábado, voltando para casa, escuto o seguinte trecho da conversa entre dois rapazes que vinham em direção oposta à minha: "Quando mais novo a gente podia ter feito muito mais coisas... Podia ter tirado carteira, podia ter formado (...)". E continuaram andando.
A não ser que os dois sejam praticantes de nado sincronizado em piscinas de formol, nenhum deles tem mais de 25 anos. Eu parei, olhei para trás e os dois estavam longe demais para a minha reação. Que era dizer: "dá, sim, meu filho, quase tudo dá. Só tem de querer". É claro que nem tudo dá [para entrar para a carreira militar, por exemplo, existe uma idade máxima], mas coisas como aprender a dirigir e se formar são perfeitamente possíveis em qualquer tempo.
Eu não dirijo. Não sei, nunca liguei um carro e, francamente, nessa cidade onde caminhões atropelam vendedores de rua* e motoristas se comportam como se o mundo girasse em torno deles, nessa cidade onde eu consigo chegar a pé mais rápido do que se fosse de ônibus (70% dos carros são ocupados apenas pelo motorista) eu não me animo a aumentar estatística. Porém sei de quem aprendeu a guiar aos 65 anos de idade, e que hoje se vira muito bem.
Fazer as coisas acontecerem é, antes de tudo, uma questão de querer, persistir, e ter senso de oportunidade. Tirando, claro, ganhar na loteria. Aí é sorte. Mas até para ganhar na loteria é preciso uma atitude: jogar.
* Ontem fui informado que uma vizinha, que vende doces na rua, foi atropelada por um caminhão e está em coma no hospital. O motorista, claro, seguiu sem prestar socorro. Essa é a cidade em que vivemos, e a educação que nós tivemos. Resta torcer para que nossos filhos, e os filhos dos nossos filhos, aprendam um pouco mais de cortesia. Ensinar depende da gente.
domingo, 17 de maio de 2009
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